No passado dia 7 de fevereiro, Planites, um espetáculo da coreógrafa grega Patricia Apergi, subiu a palco e mais uma vez a quinta edição do GUIdance contou com uma sala meio cheia. A companhia grega estreou no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor este espetáculo que vem finalizar uma trilogia relacionada com paisagens urbanas e as relações que aí se desenrolam.
Planites relata algo bem presente e absolutamente contemporâneo: as cidades multiculturais. Cheias de diferenças e de particularidades, as grandes metrópoles crescem cada vez de forma heterogénea. Pessoas de todas as partes do mundo convergente para grandes centros urbanos e com elas geram-se diferenças e intolerâncias.
“Para o projeto Planites, a compleição das ruas muda. Elas tornam-se um local de divagação, de procura para um amanha melhor, o melting pot dos estrangeiros e dos exilados, a incorporação da força e do exílio. Planites são as pessoas do mundo.”
Quando se abrem as portas do Grande Auditório, os cinco bailarinos já estão em cena. Sentados confortavelmente em cadeiras de plástico, num palco cujo chão está coberto de panos, os intérpretes olham o público, invertendo um pouco os papéis. Quando finalmente toda a gente se instala e a luz da sala diminui, os bailarinos põe-se todos a pé de repente. As cadeiras que aparentavam serem super confortáveis desfazem-se totalmente, não sendo compreensível como foi possível aguentarem-se tanto tempo de uma forma tão tranquila em algo tão instável. Em conjunto, sugam o ar e todos os panos recolhem e desaparecem para o fundo do palco. Diagonais começam a ser feitas, cada intérprete com o seu andar, com o seu movimento próprio que acabam por transformar em movimentos coreografados únicos e extremamente expressivos.
http://www.youtube.com/watch?v=jPVzyCg8yo4
Expressão é talvez umas das coisas mais marcantes neste espetáculo. Planites é um exemplo de que um bailarino não é só um bailarino, mas sim um intérprete. A expressão dos cinco elementos foi algo impressionante, sendo sempre fácil entender qual a mensagem e que personagem tipo estavam a representar.
Em Planites é evidente que houve muita pesquisa. Movimentos de danças urbanas e de danças mais tradicionais e típicas de certas culturas como a celta ou a africana estão bem patentes no desenho dos movimentos. A dança contemporânea fundiu-se com vários elementos externos e resultou de forma muito harmoniosa.
Apesar das diferenças técnicas dos bailarinos, cada um tinha um ponto forte muito único e característico sendo que cada um marcou à sua maneira. O poder da interpretação foi surpreendente, sendo que naquele momento os cinco intérpretes eram cidadãos do mundo que percorriam um abstrato labirinto urbano.
Coreografia: Patricia Apergi
Performers e colaboradores criativos: Ilias Chatzigeorgiou, Nontas Damopoulos, Andreas Labner, Giorgos Deligiannis Sioras, Dimokritos Sifakis
Composição Musical: Vasilis Mantzoukis
Desenho de Luz: Nikos Vlasopoulos
Cenário: Adreas Ragnar Kasapis
Nota: No dia anterior a Planites, sexta-feira, 6 de fevereiro, o espetáculo Lauf teve de ser cancelado devido a problemas com a placa gráfica. Os artistas consideram não ter condições para que o espetáculo seguisse para cena, uma vez que sem o alto teor tecnológico perderia o seu sentido e como tal o dinheiro dos bilhetes foi devolvido.