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Vodafone Paredes de Coura: verde ou maduro, a colheita é de qualidade

O terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura ficou marcado por concertos de nomes firmados da cena musical alternativa mas também por estreias em terras portuguesas. Mark Lanegan e Charles Bradley, amadurecidos pelo tempo e Merchandise e The War On Drugs, de colheita mais recente, marcaram a noite mais tranquila desta edição.

Ainda o sol se punha e os Allah-Las traziam até à encosta do Taboão o sol da Califórnia e os sons dos anos 60, acompanhados por belas imagens que nos reportaram a esse tempo e local. Com apenas dois discos editados (o homónimo de 2012 e o mais recente Worship the Sun) serviram de bom aquecimento para uma noite que veio a ser mais fria.

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No Palco Vodafone.FM uma outra estreia procurava marcar a sua passagem pelo nosso país: Waxahatchee, projeto de Katie Crutchfield, veio apresentar o mais recente Ivy Tripp, registo precisamente sobre o amadurecimento de alguém na passagem do seu quarto de século. Com cinco elementos em palco, e uma maioria feminina, o que é sempre de valor, não conseguiu no entanto transpor a beleza que reconhecemos ao disco em estúdio.

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O amadurecimento veio sim pela voz de Mark Lanegan. A voz sombria, as letras taciturnas e a postura impávida do ex-membro dos Screaming Trees foi recebida de maneira dupla pelo anfiteatro: os fãs de sempre do músico vibraram com o desfiar desta sua última vida com a Mark Lanegan Band; os desconhecedores consideraram mortiço e “uma seca”. Para a memória fica o perfeito trio final com a cover de Atmosphere de Joy Division, I am the Wolf do último Phantom Radio e Methamphetamine Blues recuperada de Bubblegum (de 2004).

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Apesar de ser um jovem nas lides musicais, foi Charles Bradley quem levou à noite fria de Coura os maiores ensinamentos sobre a vida: “it’s all about love“. Aos 66 anos, o músico da Flórida, descoberto há apenas uma década pela Daptone Records, foi divo do soul, rei do funk, sexy até quase copular com o seu microfone. E à primeira música, depois de devidamente apresentado pelo seu mestre de cerimónias, já chorava.

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A suportar a sua performance Charles Bradley teve uma banda irrepreensível, da qual fazem parte alguns membros dos Dap Kings (banda suporte de Sharon Jones, com quem Bradley começou esta caminhada recente).

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Bradley teve rendido um anfiteatro inteiro que se sentiu abraçado pelo amor e benção que nos deixou com músicas como Love Bug Blues, Lovin’ You, Baby ou Let Love Stand a Chance, já a terminar, com o músico envolvido com o público das primeiras filas. No fim, o slogan do Vodafone Paredes de Coura 2012, “Partilha Amor”, não poderia fazer mais sentido.

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Coube aos The War on Drugs a difícil tarefa de encerrar o palco principal da noite do dia 21. Muitos poderão questionar a escolha, mas a verdade é que, independentemente disso, seria sempre injusto entrar em palco depois do furacão que Charles Bradley tinha deixado na plateia. E não é que Adam Granduciel, frontman do projeto, não tenha predicados para poder desencadear tempestades musicais, desta feita de rock.

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Com Lost In the Dream, o aclamado disco do ano passado, ainda nas gargantas e ouvidos dos melómanos, o quinteto de Filadélfia ofereceu um bom concerto, que teve tanto de alucinante como de aconchegante. Guitarras melódicas, distorção q.b., teclados, saxofone e harmónica, surgiram em temas como An Ocean in Between the Waves, Red Eyes ou Under the Pressure.

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Nem verdes, nem maduros, os The War On Drugs podem ter aqui iniciado o processo de maturação na relação com o público português. O tempo e os trabalhos seguintes o ditarão.

Hoje é a última noite do Vodafone Paredes de Coura que terá como cabeças de cartaz Lykke Li e Ratatat.

Fotos de Cátia Duarte Silva.

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