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Reportagem: 1ª edição do Indouro Fest ou a tramada Lei de Murphy

Já dizia o adágio: “Se alguma coisa poder correr mal, correrá“. Assim foi com a 1ª edição do Indouro Fest, que decorreu em Gaia nos dias 2 e 3 de maio, e que ficou marcado pela forte chuva, a ausência de dois dos mais importantes nomes do festival e a fraquíssima afluência de público. Mas também houve coisas boas.

O Espalha-Factos tinha enumerado cinco bons motivos para não perder a estreia de um novo festival que do cimo da Serra do Pilar via correr o rio Douro e brilhar a cidade Invicta. Não se enganou nas premissas, apenas não sabia que a maldita Lei de Murphy ia funcionar em pleno. E o que poderia correr mal, correu mesmo mal.

O primeiro golpe de rins sentiu-se logo ao ao início da tarde de sábado quando, através da sua página do Facebook, os Clinic anunciaram que não poderiam vir até Portugal devido à greve dos pilotos da TAP, apesar de a organização, a cabo da associação cultural Ilha dos Flamingos, ter afirmado mais tarde, em comunicado, tudo ter feito para que a banda pudesse ter viajado.

Sem comunicação acerca das mexidas no alinhamento do festival, subimos a Serra do Pilar onde, junto ao Mosteiro, e com uma vista privilegiada, estava instalado o palco onde coube aos portugueses Rainy Days Factory abrir o palco, atrasando assim as horas de todos os concertos do palco principal para compensar a falta dos Clinic.

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Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 2, 2015 às 3:25 PDT

Seguiram-se-lhes os gregos sediados em Londres, Electric Litany, que, soturnos e nostálgicos lançaram o seu som algo psicadélico enquanto pouco mais de meia centena de pessoas tomava contacto com o espaço e a vista fabulosa sobre o Porto.

#indourofest #efmusica #concertoscomvista #gaia #porto #serradopilar   Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 2, 2015 às 11:21 PDT

 

O céu ameaçava desabar e eis que Murphy tinha de novo razão. Após a ventania incómoda, uma chuva miudinha e constante fez tirar capas e chapéus de chuva enquanto os franceses The Limiñanas, o casal Marie e Lionel, acompanhados em palco por mais três músicos, tentavam animar os pouco mais de cem “gatos pingados” com o seu garage rock. Casa Blanca, lançado em 2013, foi a base para um concerto ora em língua inglesa, ora em francesa, que permitiu abanar a anca com muito yé-yé e a memória constante de um Serge Gainsbourg.

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Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 2, 2015 às 2:10 PDT

Mas foram os seus compatriotas Tristesse Contemporaine que conseguiram mesmo animar as desesperadas hostes. Com uma tenacidade assinalável Maik, Léo e Narumi contagiaram o público com energia muito positiva e por momentos esquecemos tudo o que não estava a correr bem. O eletro punk psicadélico da banda sediada em França contagiou o público que se fartou de dançar. Temas como I do What I Want ou Stay Golden fizeram valer a chuva que estávamos a apanhar e as 11 horas de espera que a banda enfrentou para conseguir mesmo chegar a Gaia.

#indourofest #efmusica #tristessecontemporaine Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 2, 2015 às 3:52 PDT

The Lucid Dream, habituados à chuva da sua Inglaterra natal, também não tiveram medo de descarregar decibéis no alto da Serra do Pilar. Reduzidos a três elementos – o guitarrista e teclista Wayne Jefferson também não pôde viajar – revelaram que lhes falta rodagem mas sobretudo que têm bons argumentos para ser “uma das bandas inglesas a ter debaixo de olho”. Com o recente registo homónimo editado, um pedaço de bom rock psicadélico, poderão vir a ocupar espaço de destaque no panorama musical inglês. É estar atento.

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Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 2, 2015 às 4:39 PDT

O segundo dia do Indouro Fest ficou marcado, novamente, pela falta de uma das bandas mais desejadas do cartaz, os britânicos TOY que também não puderam viajar. A impossibilidade da banda estar presente e a chuva intensa que se verificou, terá demovido algum público que ainda poderia ir ao festival. Assim sendo, a noite de domingo ficaria marcada, uma vez mais, pela presença de pouco mais de uma centena de gatos literalmente pingados mas que tiveram a sorte de assistir, pelo menos, aos dois belos concertos de Yuck e Lola Colt.

Este segundo dia, com o cartaz do palco principal a ser quase totalmente preenchido por bandas britânicas, viu os Yuck – que tocaram o ano passado no Vodafone Paredes de Coura e a dizer que “o Porto é melhor que Lisboa” – desfiarem as suas guitarras em temas enérgicos como Get Away ou Middle Sea, dos seus dois registos de estúdio (Yuck de 2011 e Glow & Behold de 2013). Proporcionaram até uma vaga de mosh na frente do palco, deram um concerto que deu para esquecer os contratempos que temos vindo a descrever e ainda apresentaram um novo tema do seu próximo disco a estrear em breve.

#indourofest #efmusica #theluciddream Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 2, 2015 às 4:39 PDT

Enquanto a chuva permanecia e no palco FNAC instalado no Jardim do Morro recebia os portugueses Eat Bear, Lola Colt preparavam o seu palco para os seis elementos e demais instrumentos ecoarem no alto da serra e acordarem os espíritos do Mosteiro. A voz de Gun Overbye, poderosa por si só, embalada pelos múltiplos instrumentos, comandou o turbilhão em palco que tem tanto de psicadélico como de tribal. Focados no seu disco de estreia, Away From The Water, Lola Colt proporcionaram um concerto intenso e fervoroso mesmo que para pouco público mas inteiramente dedicado.

No Mosteiro da Serra do Pilar já se ouve Lola Colt. #indourofest #efmusica #lolacolt

Uma foto publicada por Espalha-Factos (@espalhafactos) a Mai 3, 2015 às 12:39 PDT

Posteriormente os portugueses Malcontent assumiram a hora do concerto de TOY para dar vez aos enigmáticos British Sea Power que encerraram o festival. Vindos de Brighton aproveitaram o festival para ver alguns concertos e deram um concerto intenso em formato best of, passando pela sua carreira que conta já com sete discos de originais, mas com especial incidência em Machineries of Joy, o último título, editado em 2009.

Embora se tenha revelado globalmente um fracasso, a 1ª edição do Indouro Fest proporcionou uma bela mostra de música atual portuguesa e europeia o que, por si só, é já um grande feito. Esperemos que todos os contratempos sirvam de aprendizagem e a edição de 2016, já confirmada pela organização, possa ser um sucesso e potenciados os inúmeros pontos fortes que este festival pode ter. A chuva  e a greve não justificam tudo.

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